Porquê pintar um quadro?
Porque pelo acto de pintar se existe no presente. Porque pelo olhar e pela pintura ajusto a minha realidade e o meu presente se torna mais vivo.
A arte, a pintura, no meu caso, transporta-me para mundos novos, para experiências inéditas, trate-se de uma obra abstracta ou de uma figurativa.
Neste quadro conto múltiplas histórias e todas elas coexistem numa mesma realidade: o “cowboy” (aventureiro, solitário e livre) e o cão (um labrador, amigo fiel).
Durante o tempo em que estive a pintar este quadro li o livro The Famished Road de Ben Okri (genericamente, pode dizer-se que se trata de uma obra pós-colonial, centrada sobretudo na cultura Yoruba). E durante esse mesmo tempo, também, um novo pano de fundo: a pandemia. E no quadro tudo a decorrer em simultâneo, como na vida, na complexidade dos vários níveis que se sobrepõem e se intersectam.
Livros, personagens, pintores e quadros, são todos intermediários e geradores de metáforas da vida. Tantas histórias diversas que coexistem sem que nenhuma se anule nas suas dimensões e nas suas emoções.