“Thus, we never see the true state of our condition till it is illustrated to us by its contraries, nor know how to value what we enjoy, but by the want of it.” ― Daniel Defoe, Robinson Crusoe

 

Estes quadros foram pintados durante a pandemia com o desafio de descrever este momento inédito em que vivemos através da pintura, de cores, de formas, de texturas e sem palavras. Queria narrar as histórias distintas que estamos a testemunhar e a viver recorrendo a uma linguagem visual, pois é por este meio e através de imagens que eu falo, me exprimo e consigo contar histórias… desta vez de isolamento, da sede pela liberdade e da intimidade.

 

A solidão é um estado subjetivo e indesejado, mas é neste estado solitário onde eu crio, onde encontro a minha força e descubro o que preciso para puder pintar. Apesar de sozinha não me sinto só na minha ação transformativa, mas sim esgotada e sem espaço para mais nada, mas nunca só.

 

Existem autores aos quais voltamos sempre, e Daniel Defoe é um deles. Durante esta pandemia fomos todos um pouquinho Robinson Crusoe, mesmo que só por uns dias. Tal como o protagonista, nós durante a pandemia tivemos a oportunidade de examinar a nossa vida, de pensar no que realmente precisamos, e como nos situamos nos nossos afetos. Robinson Crusoe trata isso no seu isolamento na ilha. Deste lado, eu no silêncio do meu atelier, na minha pequena ilha, conto o que está dentro e fora, o que está contido e o que está livre.

"Belong to Oneself" / "Pertencer ao Próprio"
Óleo sobre tela / Oil on Canvas
80 x 160 cm
2020
Photography / Fotografia: Hugo de Almeida
SOLD / VENDIDO